Em agosto de 2025, o goleiro Cássio, ídolo do Corinthians, trouxe à tona uma realidade que milhares de famílias brasileiras enfrentam todos os dias: a dificuldade de matricular crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em escolas regulares.
Sua filha, Maria Luiza, foi recusada por diversas instituições de ensino em Belo Horizonte, mesmo com o apoio de uma profissional especializada.
A repercussão foi imediata — e necessária.
Esse episódio escancarou o abismo entre o discurso da inclusão e sua efetiva prática nas escolas brasileiras.
Afinal, o que significa ser uma escola inclusiva?
E por que tantas instituições ainda resistem a acolher crianças com necessidades específicas?
📚 O que diz a legislação brasileira?
A Constituição Federal, a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva garantem o direito de todas as crianças à educação, sem discriminação.
Além disso, o Supremo Tribunal Federal já se posicionou contra a exclusão de alunos com deficiência das escolas regulares.
A presença de profissionais de apoio — como acompanhantes terapêuticos, cuidadores ou mediadores escolares — é prevista e recomendada quando necessário.
Portanto, negar matrícula com base na presença desses profissionais é não apenas antiético, mas ilegal.
🚸 A realidade nas escolas
Apesar dos avanços legais, muitas escolas ainda não estão preparadas — ou dispostas — a lidar com a diversidade.
Os motivos alegados variam: falta de estrutura, desconhecimento sobre o TEA, receio de lidar com comportamentos desafiadores, ou até mesmo preconceito velado.
O resultado? Famílias desesperadas, crianças excluídas e um sistema educacional que falha em sua missão mais básica: formar cidadãos.
💡 Inclusão não é favor — é direito
A inclusão escolar não deve ser vista como um ato de benevolência, mas como um compromisso ético e legal. Ela exige:
- Formação continuada de professores e gestores
- Adaptação curricular e metodológica
- Acesso a profissionais de apoio
- Empatia e escuta ativa das famílias
Mais do que isso, exige uma mudança de cultura.
É preciso romper com o modelo excludente que ainda permeia muitas instituições e abraçar a diversidade como potência educativa.
🌱 Caminhos para uma inclusão real
Para transformar o discurso em prática, algumas ações são fundamentais:
- Capacitação docente: investir em formação sobre neurodiversidade, práticas inclusivas e manejo de comportamentos.
- Parceria com as famílias: ouvir, acolher e construir juntos os caminhos da aprendizagem.
- Apoio institucional: garantir recursos, profissionais e políticas públicas que sustentem a inclusão.
- Sensibilização da comunidade escolar: promover rodas de conversa, campanhas e projetos que valorizem a diversidade.
✊ O impacto da voz pública
A coragem de Cássio em expor sua dor e indignação trouxe visibilidade a um problema estrutural.
Quando figuras públicas usam sua voz para defender direitos, ajudam a acelerar mudanças.
Mas não podemos depender apenas disso. A luta pela inclusão é coletiva, contínua e começa dentro de cada sala de aula.
Conclusão
A escola inclusiva não é aquela que apenas aceita a matrícula de uma criança com deficiência.
É aquela que se transforma para acolhê-la, respeitá-la e garantir que ela aprenda com dignidade.
O caso de Maria Luiza é um alerta — e também um convite: que possamos construir juntos uma educação que não exclui, não silencia e não abandona.

